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Valores humanos para o ENSINO SUPERIOR

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ASSERTIVIDADE

PARTE 06
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ASSERTIVIDADE

“O comportamento que torna a pessoa capaz de agir em seus próprios interesses, a se afirmar sem ansiedade indevida, a expressar sentimentos sinceros sem constrangimento, ou a exercitar seus próprios direitos sem negar os alheios, é denominado de comportamento assertivo.”

(Alberti & Emmons)

Assertividade é uma virtude que implica diretamente num comportamento mais favorável à boa convivência, pois faz parte da arte de uma comunicação clara e objetiva. É saber dizer o “sim” e o “não” no seu momento devido e na forma mais adequada, portanto contempla o equilíbrio e a flexibilidade. Uma pessoa assertiva não é agressiva  nem submissa, é honesta, atenciosa, transparente, e tanto sabe se respeitar como respeita as demais.

Indicativa de amadurecimento, a assertividade  favorece a resolução de problemas, contempla a habilidade de intermediar, de facilitar processos, de encontrar soluções mais adequadas e obter melhores resultados. A virtude da assertividade está cada vez mais valorizada no âmbito institucional, como requisito do perfil de um bom profissional.

Quando uma pessoa tem dificuldade para expressar os seus sentimentos, normalmente a causa é proveniente de experiências negativas que inibiram a sua expressão, indicador de uma pessoa de comportamento não assertivo, que a qualquer momento pode apresentar falha na sua comunicação, no receber ou transmitir informações. Os fatores que incidem no que uma pessoa sente, pensa e faz implicam no comportamento dela, ou seja, num comportamento assertivo ou não.  

Portanto é indiscutível a importância da família para o desenvolvimento de um comportamento assertivo. Martínez (2009) afirma que é necessário trabalhar com os pais as habilidades de comunicação com os filhos, os processos de resolução de conflitos, as estratégias para estabelecer limites e regular o comportamento das crianças, favorecendo a autoestima e o comportamento assertivo.

A depressão, cada vez mais presente entre jovens e crianças, assim como a agressividade entre outros problemas decorrentes de transtornos emocionais, muitas vezes sofre fortes influências do comportamento dos pais, o que poderia ser minimizado, ou até mesmo evitado, com o aprendizado de uma comunicação assertiva. Martínez (2009) afirma que “os problemas emocionais dos pais, como a depressão, influenciam meninos, meninas e adolescentes, gerando para os mesmos modelos inadequados ou práticas negativas para o seu desenvolvimento”.

A boa comunicação a que se refere a assertividade inclui tanto o meio como o fim desse processo, ou seja, consiste em uma comunicação que atinge seus objetivos mas sem causar danos; envolve o saber ouvir, o saber falar, o momento adequado, a entonação da voz, a postura, a influência de uma fala apropriada e o cuidado com os sentimentos e o bem-estar do próximo.

Nas relações entre pais e filhos, algumas vezes se usa a agressividade, que permite atingir os objetivos desejados, mas pode deixar mágoas, traumas, e contribuir para outros comportamentos não assertivos no futuro. Fazer escolhas e responder pelos filhos pode ser prático, mais fácil para os pais, no entanto também pode representar a desvalorização da criança como pessoa, gerar insegurança, dependência e favorecer a baixa autoestima dela. Numa comunicação assertiva, os pais auxiliam os filhos a pensarem, a fazerem suas escolhas e a encontrarem suas respostas em vez de fazer por eles, ou seja, educam sem causar danos.

O equilíbrio é fundamental na educação, não se deve contribuir para um comportamento agressivo, da mesma forma que não se deve contribuir para um submisso. O comportamento submisso, ao contrário do agressivo, leva em consideração os direitos e os sentimentos dos outros, sem considerar os seus, levando a pessoa a evitar  situações ou a não reagir diante de um comportamento agressivo. Os pais que possuem um comportamento assertivo educam seus filhos orientando e contribuem para que estes também desenvolvam comportamentos assertivos.

De acordo com Leme (2004), “o comportamento assertivo muitas vezes precisa ser ensinado, tanto no conteúdo como na forma: a expressão de pensamentos e sentimentos perde força se não for feita em um tom de voz firme e contato visual com o interlocutor”. Pais e professores são modelos de comportamento para as crianças, portanto é indiscutível a colaboração deles para o desenvolvimento de comportamentos mais assertivos.

A assertividade é fundamental para o bom convívio, implica na forma mais adequada de manifestar opinião, concordar e discordar, fazer e recusar pedidos, pedir desculpas e admitir falhas, expressar desagrado, pedir mudança de comportamento do outro e lidar com críticas. Um casal assertivo consegue expressar abertamente os seus pensamentos, sentimentos e opiniões, contribuindo para um ambiente de paz e harmonia no lar.     

De acordo com Aguilar, Robayo e Urrego (2011), depois de três casos de suicídio entre os estudantes, uma universidade da Colômbia resolveu avaliar um programa que nos faz refletir, entre outros fatores, sobre a importância do comportamento  assertivo  para diminuir os riscos de depressão entre os jovens.

Pesquisa informa que os animais desenvolvem um padrão de conduta e de mudanças semelhante ao dos deprimidos, estado que recebeu o nome de desamparo ou impotência aprendida. Isso nos leva a pensar que a qualidade de vida da pessoa depende em parte de como ela aprende a viver, do que lhe foi ensinado, se esse ensinamento conduz a um comportamento assertivo ou não, que contribua para que ela se aproxime ou se afaste de uma vida saudável. 

O equilíbrio emocional, a inibição ou o desenvolvimento de talentos e habilidades dependem muito do contexto em que a pessoa está inserida. De acordo com Prado, Fleith e Gonçalves (2011), hoje, “entende-se que o papel social desempenhado pela mulher e os padrões de desenvolvimento e expressão de suas habilidades e talentos são promovidos ou inibidos essencialmente por fatores relacionados ao contexto em que vivem.”. Entende-se, assim, que o comportamento assertivo do entorno em que se vive favorece o desenvolvimento das potencialidades do ser humano.

Na atualidade, a ausência de comportamentos assertivos é constatada com a violência, nos conflitos e na dificuldade que as pessoas apresentam para se relacionar, fator que interfere negativamente na qualidade de vida delas. Já podemos pensar em medidas para melhorar esse quadro, ou seja, no processo de formação do ser humano, através de uma educação que objetive contribuir com o desenvolvimento de comportamentos mais assertivos.   

Michael Apple dizia: “A temporada de caça a educação continua aberta”. Isso se dá porque nunca falta quem aponte algo de errado com as escolas e na educação. Para não contrariar sua teoria, vamos enfocar a falta de assertividade no âmbito educativo; por parte dos alunos, o problema pode ser constatado com o bullying;  por parte dos professores, pelas suas limitações como mediadores na resolução de conflitos.

Na educação, o comportamento assertivo pode contribuir tanto para uma cultura de paz como para o desenvolvimento de talentos, de potencialidades. Mas precisamos entender que um comportamento assertivo não impõe; sugere, ajuda o outro a pensar, a encontrar as melhores respostas e soluções. Não ameaça ou intimida, convida a refletir sobre as consequências dos atos, a assumir responsabilidades, a tomar consciência das ações, a ter confiança em si mesmo, a se organizar, a ser flexível, tolerante, gentil e determinado.

Rodrigues (2011) nos convida a refletir sobre uma educação que zele pela não desumanização dos valores e da cultura, enfoca a educação para um “novo humanismo”, para a construção de um novo homem. Acredita-se que tal educação não pode deixar de contemplar a educação em valores para a formação de um homem assertivo, que contemple honestidade, solidariedade, respeito, justiça, amor, não-violência, humildade, gratidão e responsabilidade. 

O autor também enfoca os valores morais para uma cultura humanística no decorrer da história:

Assim, esta cultura humanística teria se tornado evidente principalmente no campo das disciplinas “morais”, nos métodos educativos adotados nas escolas de gramática e de retórica, atuando também na formação de dirigentes das cidades-estado, oferecendo-lhes técnicas políticas mais refinadas (RODRIGUES, 2011).

 

Essa proposta educativa  já indicava a assertividade em diversos âmbitos, inclusive na formação de dirigentes. 

De acordo com Rodrigues (2011), já em 1972, no relatório “Aprender a ser: a educação do futuro”, da UNESCO, apontava-se para uma educação que clamava por assertividade. O documento define as características do perfil de um novo homem; apesar de orientá-lo para ser potencialmente senhor do seu destino, não previa a violência como obstáculo para que esse domínio se tornasse real.

Em 2011, seguimos enfrentando a violência e precisando da educação para a formação de um novo homem, um homem assertivo, de valores humanos universais fortalecidos, o qual contribua mais efetivamente com a sua evolução como ser humano. Precisamos ainda de uma proposta humanista que parta desses valores para a formação de cidadãos dignos, íntegros, pacíficos e felizes, capazes de caminhar juntos em direção à construção de uma cultura de paz.

Rodrigues, 2011, também nos conta que de acordo com Paracelso: “A aprendizagem é a nossa própria vida, desde a juventude até a velhice, de fato quase até a morte; ninguém passa dez horas sem nada aprender”. Se ninguém passa dez horas sem aprender nada, pois aprendamos a arte de ser assertivos.

 

Referências Bibliográficas

 

Aguilar, R. N.; Robayo, B. P.; Urrego, B. Y. Programa de prevención de factores de riesgo psicosocial asociados a depresión en estudiantes universitarios. Contextos Revista, Colômbia, jun, 2011. Disponível em: <http://www.contextos-revista.com.co/A4-PROGRAMA%20DE%20PREVENCI%C3%93N%20DE%20FACTORES%20DE%20RIESGO%20PSICOSOCIAL.pdf>. Acesso em: 09 nov. 2010.

 

Leme, M. I. S. Resolução de Conflitos Interpessoais: Interações entre Cognição e Afetividade na Cultura. Psicologia: Reflexão e Crítica, São Paulo – Brasil, 17 (3), pp. 367-380,  2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v17n3/a10v17n3.pdf >. Acesso em: 09 nov. 2010.

 

Martínez, A. C. Pauta de crianza y desarrollo socioafectivo en la infancia. Diversitas: Perspectivas en Psicología, Bogotá - Colombia, Vol. 6, n. 1, pp. 111 – 121, 2010. Disponível em:

 <http://ojs.usta.edu.co/index.php/diversitas/article/viewFile/29/pdf_21>. Acesso em: 07 nov. 2010.

 

Prado, R. M.; Fleith, D. S.; Gonçalves, F. C. O Desenvolvimento do Talento em uma Perspectiva Feminina. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília – Brasil, 31 (1), pp. 134 – 145, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v31n1/v31n1a12.pdf>. Acesso em: 09 nov. 2010.

 

Rodrigues, M. M. Um “novo humanismo” na educação: significados e implicações. Educação Unisinos, Chapecó, SC - Brasil, Vol. 15, num. 2, agosto, 2011. Disponível em:<http://www.unisinos.br/_diversos/revistas/ojs/index.php/educacao/article/view/296>. Acesso em: 10 nov. 2010.

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