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Programa

50 MINUTOS

Valores humanos para o ENSINO SUPERIOR

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O título deste programa foi inspirado no projeto "Cinco Minutos de Valores Humanos para a Escola", apesar da estrutura e metodologia diferenciada, considerando o público alvo.

O objetivo deste programa é poder oferecer mais um material didático gratuito, que possa contribuir para a reflexão de valores básicos, colaborando com o fomento dessa temática também no

ENSINO SUPERIOR.

A universidade não deve desprezar a possibilidade de ampliar seu alcance

oferecendo uma formação integral a seus tutelados.

Da universidade saem líderes diversos, formadores de opinião, profissionais das mais

variadas áreas... e é preciso que possam agregar Valores Humanos às suas vidas e atividades.

É importante que aprendam a encontrar soluções pacíficas para a resolução de conflitos; pensar de forma global, respeitar os animais, a natureza, enfim, a vida em

toda a sua amplitude.

Incluir o ensino de Valores Humanos no meio acadêmico, representa uma colaboração efetiva na formação de futuros profissionais e cidadãos, preparando-os para os papéis que irão desempenhar no mercado de trabalho, na vida social, no lar...

Entende-se, portanto, que VALORES HUMANOS é um tema que deve permear

toda a grade educacional, do infantil ao superior.  

A Educação em Valores no ensino superior se faz cada vez mais necessária dentro de um contexto social onde a violência, o desrespeito e a insegurança distancia o cidadão de uma

vida saudável, pacífica e feliz.

Este programa se propõe a contribuir para a transformação dessa realidade. A experiência também conta com a proposta da Educação Biocêntrica, utilizando uma metodologia

interativa e diversificada para um aprendizado prazeroso e enfoca valores como:

Honestidade, Solidariedade, Respeito, Justiça, Amor, Não violência, Humildade,

Gratidão, Responsabilidade e Assertividade.

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HONESTIDADE

“A honestidade não é somente verdade, e sim

veracidade, o que inclui a intenção da verdade.”

(J. Schrock)

Honestidade é o ato de ser honesto, de ser verdadeiro. É uma virtude que exige coerência e sinceridade no agir, sentir e falar; está implícita tanto na relação do sujeito com o mundo, como na relação daquele consigo mesmo. Ainda é considerada um dos principais valores morais do ser humano, também muito exigido, pois sempre queremos que os outros nos digam a verdade, que sejam sinceros, honestos, verdadeiros conosco.

E nós somos honestos? Sabemos ser verdadeiros com nós mesmos para podermos ser verdadeiros com os outros? A honestidade exige do ser humano humildade, condição necessária para ele reconhecer e assumir suas verdades. O autoengano é uma forma de ser desonesto com ele mesmo. Quando não age de acordo com os seus princípios e valores, termina sofrendo por suas incoerências.

A falta de honestidade assusta as pessoas, gera medo, insegurança nas relações, conduz à escuridão da vida presa a mentiras. A mentira destrói a liberdade da pessoa de ser ela mesma, afasta as amizades, é injusta, conduz à destruição das relações, enquanto a honestidade constrói, pois está diretamente ligada à autêntica justiça, à coerência, à liberdade,  que promovem  a paz e dão sentido à vida.

O caminho da honestidade exige a prática de respeitarmos e conhecermos a nós mesmos; exige sinceridade, promove a liberdade para nos expressarmos sem medo, exige o cumprimento de nossa palavra, jogo limpo, sem trapaças; exige, acima de tudo, verdade. Porém a impunidade, o êxito dos mentirosos e desonestos, a falta de reconhecimento dos que cumprem suas obrigações e a falta de estímulo dos que defendem honradamente seus princípios são como pedras, obstáculos para aqueles que pensam seguir o curso desse caminho. 

Observamos, na educação dos filhos, que honestidade muitas vezes é cobrada, mas não é dada, ou seja, os pais, consciente ou inconscientemente, não são honestos com os filhos, no entanto se julgam no direito de exigir deles que sejam honestos: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. O comportamento dos pais é incompatível com o que cobram dos filhos, e a honestidade exige coerência. Exemplos disso são os pais que bebem ou fumam e não querem que os filhos façam isso, são pais agressivos que não querem filhos violentos.

De acordo com Zamberlan (1999), quanto maior o estresse dos pais, a falta de competência para lidar com os problemas diários, as frustrações e as perdas, maior será a chance de os filhos desenvolverem problemas psicológicos. E os valores morais dos filhos seguem nessa mesma linha:  quanto maior for a fragilidade do valor honestidade dos pais, mais difícil será o fortalecimento desse valor nos filhos. Não podemos esquecer que os pais são as principais referências dos filhos.

E quanto à publicidade? Existe honestidade nela? A publicidade incita o consumo buscando atingir os sentimentos mais profundos do ser humano, guia-se pelos valores sociais, vincula o produto ao que o ser humano valoriza. Se o público valoriza beleza, é a beleza que será usada nos comerciais, vinculada a produtos e serviços; se valoriza as emoções, a publicidade vai explorar o contexto emocional e assim por diante, pois o objetivo é ganhar consumidores. Hoje se valoriza o bem-estar, então a publicidade procura vincular o objeto de consumo às sensações de bem-estar,  aproveitando-se dos nossos desejos de felicidade.

As propagandas de cigarro, por exemplo, nos passa mensagens de beleza, prazer, sucesso, alegria, enfim, tudo que possa incentivar o consumo desse produto. E muitas vezes nos deixamos influenciar pelos comerciais, mas o que realmente queremos? Será o produto ou esse bem-estar e todas as maravilhas que supostamente ele está oferecendo através de imagens, mensagens e falsas associações? Onde está a honestidade da publicidade? Em primeiro lugar, está no seu propósito de vender e não no bem-estar do consumidor como aparenta inicialmente.

Tentar enganar o próximo, a proposta de criar uma realidade falsa através da mentira, é desonestidade, e também um ato de brutalidade. Caracteriza relações de opressão, intimidação e medo, está associada à idéia de poder e domínio. A falta de honestidade se caracteriza também pelo desrespeito, pela negação da verdade e violação dos direitos do outro; conduz ao autoritarismo, à corrupção, à desigualdade social.

Pesquisas sobre o bullying enfocam a desonestidade nas escolas como parte da violência. Os alunos contam mentiras e disseminam boatos negativos sobre os companheiros. A escola, como instituição educativa, por sua vez também segue na linha da desonestidade, quando os professores  fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem. Quando Silvia e Salles (2010) revelam a desonestidade incidindo na violência na escola, informam sobre a deslegitimação do conhecimento e dos diplomas oferecidos nessas instituições de ensino, despertando nos alunos o sentimento de que o conhecimento e o próprio diploma são insuficientes para possibilitar uma ascensão social.

Com isso, as autoridades escolares também perdem a sua legitimidade, produzindo uma sensação de ausência de sentido e de imposição arbitrária das normas e atividades escolares. O que podemos observar é que a falta de honestidade no âmbito educativo  está contribuindo para a violência, gerando indignação e revolta.

Quando não somos honestos? 

Partindo do pressuposto de que “achado não é roubado”, aquele que não tem seus valores morais bem definidos já acredita que pode justificar o ato desonesto de se apropriar do que não é dele. No Programa Cinco Minutos de Valores Humanos para a Escola, Nousiainen conta a história de uma criança que encontrou uma carteira e devolveu ao dono como exemplo de honestidade. A autora quer demonstrar que, desde criança, o ser humano precisa aprender a ser honesto. Em outra aula, enfoca que o suborno também é ato de desonestidade, assim como o roubo, e dá um exemplo de como a ganância também conduz à desonestidade.

Mas existem outros tipos de desonestidade que muitas vezes são minimizados pelos adultos e que envolvem questões como a impunidade, relacionadas a práticas do cotidiano. Quando tomamos a vaga de um idoso ou deficiente físico no estacionamento de um supermercado ou quando  furamos uma fila, estamos sendo desonestos também. Outros exemplos de desonestidade podemos observar em relação ao patrimônio público, quando um jovem danifica um banco de praça, quebra a lâmpada de um poste, danifica um telefone ou a porta de um banheiro público. Estes são atos desonestos, porque está sendo tirado o direito de todos de usufruírem daquele bem ou serviço em melhores condições. A noção de que “o que não é meu  nem é seu, não é de ninguém” precisa ser mudada; o que aparentemente não é meu e não é seu é de todos, por isso merece ser tratado com todo o cuidado.

Observamos nos poderes públicos uma total falta de honestidade, por causa do desvio de dinheiro de obras públicas, das palavras e promessas vazias dos políticos, da falta de impunidade, da corrupção, ou seja, das mentiras daqueles que deveriam dar exemplos de honestidade e preservar o que é do povo e que deveriam fazer o dinheiro dos impostos

retornar à população em forma de benefícios, sem ser usado desonestamente em prol

dos interesses pessoais.

Mas, se tudo tem limite, onde estarão os limites da honestidade? Lima (2011) nos convida a refletir sobre esses limites enfocando o lado nobre do fingimento. A ficção é honesta? E por que não, se é coerente com a sua proposta? O autor faz uma louvável reflexão sobre a boa intenção do fingimento. Na medicina, por exemplo, parece razoável que um médico não seja totalmente honesto com um paciente com uma doença terminal. Por mais que o médico tenha clareza sobre o pouco tempo de vida daquele paciente, ser totalmente honesto numa situação dessas pode inclusive abreviar ainda mais o tempo de vida do doente. Nesse caso, será que a honestidade se faz tão necessária? Ou é um fingimento necessário?

O autor cita outros exemplos em que o fingimento é necessário e destaca a importância da mentira, tema que merece aprofundamento. Os benefícios dos “fingimentos saudáveis”, ou seja, que não têm a intenção de prejudicar, mas de ajudar, são realmente alcançados quando a prudência não é suficiente? Será que o fingimento, quando percebido, não trará um dano maior que a verdade? Afinal, o fingimento é frágil, é superficial. Quando nos aprofundamos nele, chegamos ao fim de uma suposta realidade, uma mentira.

Então o fingimento é válido, desde que não fira ninguém? Como pode o fingido ter a certeza de que não vai ferir ninguém? E, quando fere, será que é capaz de medir o sofrimento daquele que ele pretendia enganar? Será que não se pode encontrar na verdade subsídios para evitar o sofrimento que pode causar um fingimento? Será que não estamos valorizando mais o fingimento que a honestidade? Nossos valores distorcidos não estão gerando sofrimento? Ou as nossas limitações e comodismo  nos conduzem aos falsos subterfúgios do fingimento?

Qual é o resultado de um processo que envolve fingimento? No fim, tudo termina em fingimento ou existe alguma possibilidade de se chegar à realidade quando há o fingir? Será que a verdade de fato não é suficiente para atender a todas as necessidades sem precisar da mentira? “A mentira tem pernas curtas”, então não podemos esquecer que o fingimento, a mentira, sempre tem um fim quando nos aprofundamos nele. Já a verdade, a honestidade, não tem pontas, não tem fim, é completa, integral e deve sempre ser reforçada e estimulada.

 

***

 

 Sugestão para leitura complementar: Programa Cinco Minutos de Valores Humanos para a Escola, Nousiainen (2008). O programa está disponível em http://www.cincominutosdevalores.org. Neste endereço encontra-se o tema

Honestidade enfocado para jovens e crianças nas seguintes aulas:

·        1º Módulo 2º Semestre: aula 37 – O roubo.

 2º Módulo 1º Semestre: aula 6 – Ganância; aula 83 – Comunidade do Jacaré – Parte 12.

 3º Módulo 1º Semestre: aulas 25, 27, 28 – Comunidade do Jacaré; aulas 63 e 64 – Sentir vergonha.

Referências Bibliográficas

Galhadi, L. P. Comercialização do bem-estar: a estética da sedução publicitária. Famecos/PUCRS, Porto Alegre - Brasil, n. 24, 2010/2. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/famecos/article/viewFile/9031/6254>. Acesso em: 30 ago. 2011.

 

Lima, R. Um fingimento necessário: entre a ficção e a realidade. Revista Espaço Acadêmico/UEM, Maringá/PR - Brasil, n. 117, fev. 2011. Disponível em: < http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/12420/6549>. Acesso em: 28 ago. 2011.  

 

Nousiainen, S., 2008. Cinco Minutos de Valores Humanos para a Escola. Edições Caminhos de Harmonia. Fortaleza, CE – Brasil. Disponível em www.cincominutos.org. Acesso em 01/06/2011.

 

Silvia, J. M. A.; Salles, L.M. F. A violência na escola: abordagens teóricas e propostas de prevenção. Educar em Revista, Editora UFPR, Curitiba - Brasil, Vol. 2, nº especial 2, 2010.  Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/view/13657/14013>.  Acesso em: 28 ago. 2011.

 

Zaberlan, M. A. T.; Freitas, M. G.; Fukamori, L. Relações pais e filhos adolescentes e estratégias de prevenção a riscos. Paidéia, FFCLRP-USP, Rib. Preto - Brasil, dezembro, 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v9n17/05.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2011.

Cinquenta Minutos de Valores Humanos

para o Ensino Superior

 

Autora: Rosita Capelo Fonteles

Coordenadora do programa "Cinco Minutos de Valores Humanos para a Escola" 

nos países de língua hispânica.

Doutoranda em Psicopedagogia pela UAH (Universidad de Alcalá de Henares), Espanha;

Eespecialista em Educação Biocêntrica pela UECE (Universidade Estadual do Ceará);

Especialista em informática pela UFC (Universidade Federal do Ceará);

Licenciada em letras pela UECE, Brasil.

                                                            

Fortaleza – Ceará - Brasil

Jan/2012

(E-mail: rosita_fonteles@hotmail.com)

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